Problemas da fala na infância e as consequências no futuro

É muito bonito quando uma criança pequena começa a falar. A fala, no seu início, tem imperfeições do próprio processo de uma criança em desenvolvimento. O desenvolvimento da fala se dá de forma contínua e envolve um complexo controle neural, desenvolvimento das habilidades auditivas, das estruturas da face e o domínio da Língua, do idioma a que a criança está exposta. 

Falar envolve compreender o que é falado, saber o sentido das palavras e entender as frases. A criança passa o primeiro ano de vida desenvolvendo a compreensão da Língua, para depois começar a falar. Ela balbucia, fala palavras curtas no primeiro aninho, depois vai unindo as palavras e formando frases simples como “Qué papá!” por volta de ano e meio. Depois essas frases vão se tornando mais completas com três ou quatro palavras, por exemplo “Me dá a bola!” e o desenvolvimento após os 2 anos de idade é muito intenso, tanto pela quantidade de diferentes sons que a criança consegue falar, quanto pelo aumento significativo do vocabulário e pela junção das palavras em frases e na conversa espontânea. 

Aos 3 anos e seis meses as crianças falam a maioria dos sons da nossa Língua, o Português Brasileiro. Isso não quer dizer que falem sempre correto, mas que já produzem a maioria dos sons ao falar as diversas palavras. Após os quatro anos de idade, as crianças falam palavras que tem sílabas mais complexas como poste, carta e aquelas que tem encontros consonantais como placa e preto. Aos 5 anos a maioria das crianças já falam todos os sons da Língua e sua fala é bastante clara e compreensível. 

Essas faixas etárias mostram marcos do desenvolvimento, vale ressaltar que não ter atingido essas etapas não necessariamente significa uma alteração. A avaliação pelo fonoaudiólogo, que é o profissional especialista no desenvolvimento da fala e da linguagem, vai confirmar se há ou não uma alteração, bem como se existe necessidade de intervenção. 

O desenvolvimento da fala e da linguagem oral é um pré-requisito muito importante para o desenvolvimento da linguagem escrita. A medida  que a criança se desenvolve, além de falar mais sons, falar palavras mais longas e frases mais completas a criança vai adquirindo a habilidade de perceber, pela audição, que a fala tem semelhanças e diferenças. Percebe que diferentes palavras começam com o mesmo som, outras palavras terminam de forma semelhante e assim por diante. 

Essa capacidade de perceber que a fala é composta por unidades menores é muito importante para a aquisição da linguagem escrita. Depende das experiências da criança em ouvir e produzir a sua própria fala e também perceber a fala das demais pessoas.  As crianças que tem alterações no desenvolvimento da fala e da linguagem oral são crianças com maiores chances de apresentarem dificuldades no processo de alfabetização e no desenvolvimento das habilidades escolares. Isto porque a leitura e a escrita vão se desenvolver apoiadas na representação e organização dos sons e das palavras na mente da criança. Se essa representação tem falhas, estas poderão repercutir na leitura e na escrita. Portanto, mediante dificuldades de fala e linguagem, procure por um fonoaudiólogo nos serviços de saúde.

Devido a essa forte relação entre linguagem oral e linguagem escrita foi criada uma nova especialidade na Fonoaudiologia, a Fonoaudiologia Educacional. O fonoaudiólogo assessora a equipe escolar para promover o desenvolvimento integral das habilidades auditivas, da voz, da fala e da linguagem oral e escrita.  

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